quinta-feira, 31 de março de 2011

1/4

uma vez que 2011 está a ser bastante fértil em registos de valor, preferi separar os discos das canções, para não tornar a listagem muito densa. fica apenas aquilo que verdadeiramente interessa, deixando de lado álbuns (bardo pond, you stand uncertain ou belus) e canções ('move', 'wade in' ou 'french (toro y moi rmx)') que apesar de alguma premência, não necessitarei de ouvir muito mais vezes. a ordem é, como sempre, irrelevante :

discos :

virgo four - resurrection
soul clap vs wolf + lamb - dj kicks!
group ongaku - music of group ongaku (1960-61)
hype williams - one nation
endless house foundation - endless house
kandi - kandi koated
katy b - on a mission
steffi - yours and mine
moon wiring club - a spare tabby at the cat's wedding
elephant thai orchestra - water music
dan melchior - assemblage blues
g-side - the one...cohesive
keke palmer - awaken
mamaleek - kurdaitcha

canções :

wretch 32 - traktor (mike delinquent project rmx)
chasing voices - ex nihilo nihil fit
tyler, the creator - yonkers
lady chann - treble to your bass (marcus nasty rmx)

mamaleek - the hypocrite & the concubine
virgo four - let the music play
tok ft. sleepy hallowtips - heroin needle
hype williams - rise up
dj eastwood - toilet blocker
durrty goodz - oi what u lookin' at?
main attrakionz - new world
rudimental ft. shantie - deep in the valley
falty dl - you stand uncertain
destroyer - the laziest river
mavado - tump
hyetal - diamond islands
mr. lucci ft. bohagon & twista - bout gone
bubble club - goddess
fuzzy logic ft. myshy - playground

misc. :

ill blu - meltdown ep
va - cloud rap
miss fire - the female touch ep
blawan - bohla ep
ssps (jon_nicholson) - live on wfmu
queen - queen II / sheer heart attack (reed.)

ainda não tive tempo para escolher os sets/mix's essenciais de 2011, como tinha referido no post anterior. será em breve.

quarta-feira, 30 de março de 2011

adenda #2

tendo em conta o modo tangencial como ouvi house of balloons, não duvido que o tom ewing tenha sido preciso (otm tem sempre mais impacto) neste texto no guardian. ainda a calcorrear no mesmo tópico, mas a aproveitar a oportunidade para deixar aqui finalmente (ainda não o tinha feito por esquecimento) o link para esta mix de nguzunguzu que é, até agora, a melhor coisa que ouvi em 2011. num ano que está a ter um início bastante prolífero nesse campeonato, com sets brilhantes a virem um pouco de e para todo o lado, eleva-se pela determinação do duo em recriar aquilo que reverencia sem enviesar pelo ascetismo/oportunismo (diplo?).

conto amanhã deixar aqui alguns links para alguns desses sets. para já, abandono silenciosamente a temática do "true r'n'b vs. false r'n'b". existe por aí muito material para quem quer acompanhar o rumo dos acontecimentos.

adenda #1

aquilo que expus de forma bastante vaga no post anterior pode muito bem ser interpretado como aquele meio termo politicamente correcto e, por conseguinte, inócuo/irresoluto. em verdade, é falta de paciência para com este irritante posicionamento crítico unilateral, recorrendo a uma contextualização que vá de encontro a algo*. e imune a guerras pelo bom gosto unívoco (comparar pilas). mas todos nós temos os nossos cavalos de batalha. e tudo isto acaba por ser apenas ruído. da minha parte aceito o termo lacónico.

*por isto entenda-se a capacidade de sustentar uma opinião sem ter de recorrer à depreciação de tudo o resto. perda de tempo, creio.

^^nada de novo ou relevante. siga.

trincheiras

até compreendo alguma da amargura do alex mcpherson perante o modo displicente como o r'n'b é tratado em muita da imprensa musical, mas as tentativas para o validar recorrendo a ataques inusitados a tudo o que seja remotamente indie-friendly (entenda-se o eixo pfork/gvsb/etc.) acaba por levar esta "demanda" (contra inimigos invisíveis. quem mesmo?) para o campo do ressabianço idiota/infantil. desta feita, em resposta a este artigo do sean fennessey na village voice, escreve que "last week, the music press was abuzz with R&B talk – and, as often seems to be the way with indie-leaning critics, getting it embarrassingly wrong". não deixa de ter o seu fundo de verdade, mas é um um discurso cada vez mais estafado (o pedantismo de algo como "only a fool could think the Weeknd the most exciting thing to happen to R&B in 2011" já é norma), que não ajuda em nada a clarividência de tudo o resto.

o paradoxo entre a defesa populista com recurso à criação de nichos.

sem querer tomar partidos, também não posso concordar com "two days ago, r&b changed again", pelas mesmas razões. como se os avanços de um género tivessem de emergir de um subterfúgio (aparentemente) pouco preocupado com o reconhecimento popular. fundamentando as suas premissas numa suposta genuinidade musical que, pela intransigência, não pede meças à escrita de uma canção. errado*. a ideia do "r'n'b para quem não gosta de r'n'b" (extensível a todos os géneros, obviamente) está escancarada em "this is rhythm and blues by or for hipsters. which is sort of true, but only in the way it's been presented". mas, também a anticon fez de algo similar o seu statement e rapidamente caiu num vazio conceptual.

a exaltação do desconhecido alienando a influência popular.

seria interessante que a discussão em torno destas questões se revisse mais pelo meio termo habitado pelo frank ocean. que apesar de escolhas tão discutíveis como coldplay ou mgmt em nostalgia, ultra, não deixa de ser um gajo do gang odd future que escreve para a beyoncé. em fundo, house of balloons está-me a parecer um disco perfeitamente aceitável. as texturas de teclados nem estão muito distantes de uma versão enevoada de algo como 'doorbell' e algures ouvi um falsete que parecia do serani. conto debruçar-me sobre os dois discos brevemente.

*e eu não tenho quaisquer problemas com tendências avant-garde ou o quer que seja. estaria a ir de encontro ao meu próprio processo de imersão no género. foi das páginas da wire com a missy (coadjuvada pelos anos de ouro da def jux) que cheguei até kandi koated.

finais

depois de tanta especulação da minha parte, on a mission acabou por cumprir algo mais do que os requisitos mínimos. acabei por me alongar demasiado nesta resenha, numa tentativa (infrutífera?) de alinhar ideias que foram latejando ao longo destes meses. talvez tenha sido o tempo que despendi nele que veio a deixar alguns dead ends pelo caminho, sob pena de cair numa espiral irresoluta. em havendo paciência, apenas.

serviu também como reminder de que eye candy devia ser ouvido muito mais vezes. consegui também ouvir a 'unfinished sympathy' até ao final. o que é óptimo, tendo em conta as inúmeras vezes em que a ouvi em contextos insuportáveis.


quinta-feira, 17 de março de 2011

discos

tendo em conta a existência da 'phoenix', o único defeito a apontar a 'diamond islands' será o facto de compartilhar com esta um template sónico similar. o que acaba por nem ser um problema, quando é inegável que estes trejeitos do músico de bristol são marca de uma identidade vincada e que 'diamond islands' é, de facto, uma grande canção (mesmo). neste momento, é sobre broadcast que deposito as minhas maiores expectativas para 2011*.

o que não implica superar resurrection. que além de se tratar do melhor álbum que ouvi de 2011 até agora, serve como lembrete de que existe todo um mundo na house de chicago que devia explorar melhor.

*que em 2010 estavam com o álbum de estreia da katy b. neste momento, e depois de 'broken record' já caiu por terra grande parte da esperança que tinha para on a mission. a remix funky do geeneus (não ouvi as restantes) ainda lhe confere alguma dignidade, mas no original este último single é um sofrível objecto que tenta colar de modo gratuitamente exuberante uma canção com recurso ao manancial rítmico/harmónico de tudo aquilo que pode ser considerado rave. apesar de nenhum dos avanços anteriores ter chegado minimamente perto do brilhantismo da 'as i', acabavam por ser suficientemente aprazíveis enquanto passadeira das tendências dançáveis em solo britânico sob a forma de canção: 'katy on a mission' foi um statement dubstep e 'louder' de uma simpatia electro-pop que se aceita. ligeiramente superior, 'light's on' parecia-me melhor em sets do que nesta versão final (onde o pitch parece ter sido desacelerado). apesar deste arsenal sónico pouco entusiasmante/coerente, ela consegue manter uma identidade, pelo que as dúvidas persistem. até 4 de abril.

quarta-feira, 16 de março de 2011

ordem #2

já que a abordei, deixo aqui também esta remistura para a 'pow 2011'. curiosamente, e quando esperava um aproveitamento do lado mais festivo pelas ligações do roska à uk funky (mesmo que pela via mais "cerebral"), acabou por suceder o inverso, com esta versão a evocar a frieza de produções iniciais do wiley como o 'ice rink'. no mesmo plano temporal simbólico da original, mas pouco pertinente dada a falta de argumentos sónicos que lhe assegurem alguma valência para além da memória.



ordem

no final do ano passado já tinha havido revisitação da 'pow' com direito a celebração grime de vistas largas. desta feita, a palavra de ordem é 'move', numa tendência similar que regressa ao ponto de equilíbrio oscilante entre comunhão e repulsa que fazia do género algo tão entusiasmante circa 2002. não sendo muito mais do que um exercício nostálgico divertido, não deixa de ser bem vindo, tendo em conta a indecisão que paira sobre a sua capacidade de sobrevivência.

terça-feira, 15 de março de 2011

derreter

não assumem a repetição de modo tão forçoso como os lungfish, mas existe uma previsibilidade nos bardo pond que é já imagem de marca. sempre sob o signo do psicadelismo. sempre recomendável. mesmo que a paciência nem sempre chegue para regressar a bardo pond com frequência, mantenho a ideia de que se trata de uma banda do caralho. pois.



quinta-feira, 3 de março de 2011

reggae


condensado as ideias formadas em imaginary falcons, o novo disco dos peaking lights consegue ser suficientemente entusiasmante sem forçar canções. é uma indecisão para o qual não costumo ter muita paciência, mas neste caso, a ausência de embustes estilísticos faz com que ideias interessantes não se percam por completo. aqui podem saber melhor as razões para isso.

distância


depois de minutos perdidos a abordar de modo leviano aquilo que se convencionou chamar de chillwave com recurso a memory tapes, neon indian e washed out (apesar de ter gostado da 'belong'), a verdade é que os (poucos) ânimos ficaram tão refreados que nunca tive o mínimo de interesse em ouvir toro y moi. esta remistura de 'french' não vem mudar a situação, mas não deixa de ser um interessante exercício de transposição cinética da west coast para os centros londrinos. a(s) batida(s) convoca(m) o lado mais negro da ukg, com o tratamento de vozes em fundo a cimentar esta mesma ideia de modo igualmente ameaçador. mantendo a mesma estrutura, mas refutando o efeito do refrão para um fluxo que galvaniza uma certa paranóia subliminar. timing perfeito a cavalgar toda a atenção de que tem sido alvo os putos do OFWGKTA, nas vésperas da edição de goblin pela xl, e com underneath the pine a receber os esperados elogios. o que não será suficiente para que o ouça, a não ser que inconscientemente alguma canção do disco me agarre a atenção. o tempo é precioso, também.