com todas as suas virtudes e defeitos,
bermuda drain acaba por ser o resultado mais visível de uma espécie de linha de raciocínio que comecei por traçar de modo débil e quase-inconsciente
aqui. na altura foi como se balizasse esses discos* com recurso a duas referências relativamente herméticas para depois as popular naquele imaginário fértil de música não-alinhada. deixando de lado a letargia dos
sound effects per se pelo seu carácter funcional (mais uma necessidade do que um processo em si), é o fantasma do carpenter que assombra tudo isto com descaramento.
levando um pouco mais longe essa premissa, pode-se traçar uma linha que começa na militância reverente (e com pouco interesse) de xander harris/gatekeeper e vai adensado o campo de referências num continuo cada vez mais fractal. não necessariamente o ruído, mas uma crescente "preocupação" com o
capture/release do som no seu estado mais volátil e/ou poluído. mesmo que não desemboque numa postura
harsh, a via tende para esse fim por natureza. ignorando as estruturas rígidas pós-beat (o sequenciador como espinha dorsal para o facilitismo melódico = ABAB) e concentrando esforços no
multitask tonal que privilegia a demanda.
em comum, todo um horror, mais ou menos subliminar, que chegou à estaticidade de
homotopy to mary "vindo" do barulho de
symphony for a genocide sendo depois revisto à luz do xerox da american tapes/hanson (a reclamar a herança
trashy de
spk, mas sem o tom contestatário), e é agora igualmente devedor de alguns
rehashismos bem prementes do arcaísmo melódico da electrónica pós-
dark star (não por acaso, também esta em descendência directa dos tais
sound effects)**. ou como se a bso do
texas chainsaw massacre (melhor de sempre) encontrasse fascínio nas potencialidades harmónicas de um arp ou
prophet. ou seja, a estética slasher enquanto zona cinzenta que vai muito para além da violência gratuita e opressão
brute force (que é razão pela qual não tenho o mínimo de paciência
merdas de nome impronunciável,
ruído impoluto e rasganços industriais) para assumir o abandono*** como o catalisador principal para o medo. cena
loner. como de costume.
^^ aproveitando a dica do disco. sem grande espaço para grandes desenvolvimentos. só listagens (se interessarem).
*ouvi-os na mesma altura, por via
desta esclarecedora entrevista com o chris madak (bee mask). o que me lembra que ainda não apanhei o
elegy for beach friday.
replication slave também teria lugar neste raciocínio e, noutro comprimento de onda, tenho gostado muito de tudo aquilo que ouvi de
fluxmonkey e quicksails.
**antes de chegar ao
cheesy intrigante de goblin.
***o próprio
setting de uma realidade suburbana funciona como recusa de toda essa bonomia aparente.