sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

ruídos vários

ausência gritante ao longo deste mês que gostaria de colmatar*. para já despejo aqui investidas mais recentes no bodyspace :


^^para efeitos icónicos, live in leipzig cumpre o seu propósito, mas o dawn of the black hearts é superior.

com 10 escolhas a parecerem tão escassas é incrível como não está presente nada dos grateful dead (já que falei neles no post anterior), na medida em que são "a" banda live por definição. ponderei escrever sobre o dick's picks 4 (concerto incrível em fillmore), como que a dar descanso ao mítico live dead, mas falta sempre algum metal. outras escolhas que ponderei :

john coltrane - concert in japan (versão de uma hora da 'my favourite things' é assim qualquer coisa de abismal. e o jazz acabou por ficar bem representado)

dire straits - live at bbc (personal fav de há muitos anos. e devia-se ouvir/falar muito mais sobre os dire straits)

tendo em conta a presença do alive 2007 e do domkirke parecem faltar algumas escolhas mais óbvias, claro - nada contra, o meu também entra nesse comprimento de onda - assim de cabeça :

neil young & crazy horse - live rust
talking heads - stop making sense
mc5 - kick out the jams
ac/dc - live
nirvana - unplugged in ny
peter frampton - frampton comes alive (nunca ouvi, mas...)

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regresso aos territórios do noise em muito tempo, através do guts do daniel menche. em breve devo também pegar no flux do robert turman.

*com interlúdios carnavalescos e gripais pelo meio.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

dispersão

com um esforço consciente para não dispersar muito algumas das ideias iniciais (pano para mangas), acabei a minha review ao fin. por todo o lado imperam os elogios. justos.

nas pausas desse disco, a preguiça pôs-me a ouvir os grateful dead (acontecimento sazonal pouco frequente). existe alguma funcionalidade prazenteira em deixar os discos discorrerem durante a tarde, mas cada vez mais me apercebo que são os arranjos tradicionais do workingman's dead a melhor coisa que eles fizeram.

encontrei também duas novas coordenadas na minha everlasting procura pela loner psych que já há muito devia ter explorado :

sempre tinha ignorado o alastair gailbraith porque tinha a impressão de que se tratava de algo na senda outsider garage muito the shaggs como é apanágio na nova zelândia - e para o qual já não tenho muita paciência. falha minha, porque mirrorwork é um disco incrível que descarta esse lado mais primitivo da flying nun por uma contenção que esboça canções numa suspensão fantasma sem fazer desse enviesamento uma razão de ser gratuita. comovente, talvez. assemblage blues deve-lhe muito.

na vizinha austrália e recuando até ao final dos anos 60 - espaço temporal primário de tudo isto - descubro um daqueles gajos amplamente citados, com inevitáveis comparações ao syd barrett ou ao skip spence que, sem razão, nunca tinha ouvido : pip proud que é, desde logo, um nome incrível. com todas as condicionantes para um culto de proporção jandek. loner, acima de tudo.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

entradas

despejando os primeiros escritos do ano, ainda com 2011 no encalço :

shh, dandelions at play não é um grande disco do maurice fulton, mas devia-se falar muito mais nesse senhor. e ouvir isto sempre que possível.


duas novas malhas das duas vozes convidadas no novo (e irrelevante) single da madonna.

uma estreia inusitada pela uk funky feita em portugal.

john talabot em regime de quase-exclusividade por estes dias. review ainda esta semana.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

quadro de honra #4

tendo em conta alguma tendência para a procrastinação e a falta de paciência para algo mais profundo este último draft deixa apenas algumas ideias latentes. porque já era mais do que tempo de acabar com 2011 :

todd edwards - if you want

o radio rip e não a versão do youtube - que será, muito provavelmente, a versão oficial. o gajo é um génio e já todos se deviam ter apercebido disso, não apenas pela influência mestra nos cut-up vocals, mas por ser capaz lhes conferir uma narrativa tão ou mais importante do que as próprias palavras. com aqueles sintetizadores fosforescentes a criarem todo um cenário perfeito para algo que parece implicar sempre uma fuga para a invisibilidade.


abzu não é um disco muito bem conseguido na tentativa de fazer do black metal esotérico da banda texana algo mais directo. faltaram canções memoráveis para que as suas estruturas intrincadas deixassem marca, mas enquanto malha-de-abertura 'earth ripper' conseguiu tudo isso de modo brilhante. ganha logo com aquele grito a la king diamond ao início.


via bodyspace : acabou por se revelar melhor do que aquilo que dou a entender nesse texto. também gostei da remix com o sean paul.


com justiça, estariam aqui todas as malhas da tropical 2. o modo como a mix flui cria um arco narrativo brilhante que se perde com a separação e todos os momentos são incríveis. 'cool down' persiste na memória enquanto recriação da euforia 'show me love'/'push the feeling on' num contexto em que a house é vista numa intercepção bassline/grime.


talvez a primeira grande manifestação dos photonz no sentido de perpetuar a linhagem da kaos circa 94 sem fazer disso um rehash. antes, um fantasma tutelar que veio a lume com mais incidência no recente weo/chunk hiss. reverência latente na entrada daquele synth muito ravey que vai aparecendo sob a primeira melodia para assumir o vórtice emocional da malha.


não sou um conhecedor de cumbia, mas esta malha que descobri num blend do ghetto palms pôs-me a pensar se não deveria investir mais nesse género, supondo que existem mais pérolas destas. de certo modo e sem grandes referências, isto está para a cumbia como nightdubbing estava para os imagination. a tag disto refere que se trata de david lynch cumbiaton. eles saberão melhor que eu.


sem querer entrar pela comparação, 'stranger' é a constatação da capacidade da jhené em insuflar uma balada em desintegração de uma candura aggro sem fazer dela algo soporífero. antes, numa canção capaz de projectar toda a reflexão alienante da letra em todos os sentidos certos.


malha de um classicismo bem swingante, 'love on top' lembra-me um pouco uma versão menos excêntrica da irmã solange, mas é beyoncé de modo irrefutável : um crescendo subtil em torno de mudanças de tom com a voz dela a responder num acerto harmónico brilhante. 'countdown' já era enorme no modo como alinhava sopros e percussão caribeña sem se fazer declaradamente ao dancehall, mas passou a ser ainda melhor depois de ter visto o video.


passando as memórias iniciais do michael nyman, 'snowflake' consegue em toda a sua contenção elevar-se ligeiramente acima de todos os outros momentos de 50 words for snow, pela sua obstinação em suspender a melodia do piano para deixar que a voz da kate bush paire sobre tudo isso, como a tal neve que serviu de mote para o disco.


poderia estar aqui qualquer uma das outras duas canções de the story, pelo que a escolha é meramente casual. actualização do technicolor de paisley park sem fazer disso um throwback ao lado mais onírico do r&b. pura classe, e algum receio justificado de que se tenha tratado de um one-off.

+

lee foss - keep my cool
destroyer - the laziest river
wretch 32 - traktor (mike delinquent remix)
andy j & s tee - spiralling
rudimental ft. shantie - deep in the valley
p money & blacks - boo you
tosh - bad girl
young bleed - holla at uh dog
krallice - the clearing
bubble club - the goddess