quinta-feira, 26 de maio de 2011

dois

foi há quase três anos que o pedro me falou em surdina sobre a honra equal parts desafio (ou assim me recordo) que foi tocar, pela primeira vez, com o sei miguel. há cerca de um ano atrás, antes de um maravilhoso concerto a solo (com sentida homenagem ao jack rose), numa botica do barreiro (major respect) e por entre conversa sobre um pior momento de forma do aimar (outro dos grandes) surgiu de modo mais declarado a revelação, sem pressas, de que esse encontro tinha já tomado a forma de um disco que se encontrava (na altura) à procura do poiso certo. saiu agora e chama-se turbina anthem.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

classe

acho que teria sido mais acertado apontar justice ou simian mobile disco* (para o efeito, os boys noize também resultavam, mas não me lembro de nenhuma canção deles) em vez da global bass no eixo imaginário que tracei aqui. num mindset semelhante e para quem estiver interessado, a mix dos soul clap para a resident advisory do ano passado é (também) passagem obrigatória.

*ouvir hoje a 'we are your friends' chega a ser exasperante.

e não. não gostei do space is only noise.

terça-feira, 17 de maio de 2011

conhecidas

uma destas duas canções é muito boa. a outra não.

bottom line, é óbvio prefiro que esta j-lo a este desastre. nuff said.

ninho

aparentemente, AIA não deixa de transparecer aquela ideia de ser uma tentativa da liz harris de conceptualizar em demasia, mas o mais provável é que seja apenas uma necessidade premente de deixar respirar gravações adormecidas ao longo destes 3 anos (entremeados por splits e hold/sick), desde que dragging a dead deer up a hill fez dela um household name seguro. é apenas grouper no seu modo habitual e escorreito. como suposto e com toda a amabilidade que esse conforto possa implicar.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

circa #2

já o "sabia" de antemão (impulsionado pelo reconhecimento, algo tardio, do rarefeito bataille de battle e com poisson a servir como indicador meramente formal), e esse julgamento prévio/estúpido é determinante para o confirmar, mas o low fired clay escape de part wild horses mane on both sides tornou-se, sem reservas, no melhor disco que ouvi este ano, até agora. veio-me também parar às mãos numa altura em que ando a ouvir as bso's do stalker e do zerkalo pelo eduard artemiev*, o que acabou por o inserir num mindframe ambiental mais semelhante do que a a descrição "taking the cherry/blackwell duets and relocating them upwind of the alien soundtracks generated by japan’s taj mahal travellers" me faria supor. mesmo que, desta vez, a tendência über-hiperbólica do keenan tenha alguma razão de ser. encontro razões para o entusiasmo.

num mesmo contínuo, the wax heel de chora (espécie de agregado de algumas das figuras chave da cena improvisada de sheffield) constituiu o preâmbulo adequado para me aperceber definitivamente (slates era um bom indício) que a cidade respira uma boa onda comunal que vale a pena escavar com atenção, apesar da tendência ocasional para aquela onda "espiritual = malta a bater em coisas" que fizeram dos nnck um caso tão pointless como essencial. não propriamente off-the-radar e com uma identidade algo reconhecível. o que, em termos contextuais e com interesse comedido, já tinha acontecido há uns 3/4 anos atrás por via das bandas da (actualmente letárgica) frequency 13. e sem referenciar um passado à sombra dos cabaret voltaire ou human league.

*no momento em que escrevo isto, o clima está em modo tarkovsky, btw.

terça-feira, 10 de maio de 2011

black metal ist...?

pensamentos cíclicos em torno do black metal (enfrentando a sazonalidade do ouvir) levam-me a magicar mais conjecturas do que a passá-las, efectivamente, para escrita. este blog poderia/deveria servir para isso mesmo, mas acabo sempre por me refrear na ausência de linhas mestras para que possam ter algum sentido. dos dois documentários que vi recentemente sobre os mayhem, o once upon a time in norway ganha pontos por uma visão mais sociológica e menos auto-centrada do que o (auto-produzido) pure fucking mayhem. mesmo que açambarque apenas o período polémico da banda (1986-93. ou aquele que mais interessa), consegue fazê-lo de um modo menos sensacionalista do que aquilo que se pôde ler no mítico lords of chaos. fez-me também perceber que gosto mais deles do que supunha. e dar-me o mínimo de disposição para ouvir o ordo ad chaos.

saltando para 2011, estão-se a replicar os dois anos anteriores a seu ritmo. aesthethica tem feito escorrer tinta o suficiente para que se fale no género (mesmo que de forma quase tangencial), mas está longe de superar, ou mesmo confirmar aquilo que fez de renihilation um dos meus discos favoritos dos últimos tempos. na ausência de ideias mais cortantes, podem ler aqui o que achei sobre o disco. em breve vou também debruçar-me sobre diotima dos krallice.

ainda no plano de um hipotético crossover, o álbum de estreia dos defheaven deve reunir todas as condições para tal, tendo em conta o que ouvi deles. mais pela acessibilidade do que pela ruptura, acaba por se enquadrar naquele campo referencial onde tácticas do pós-rock por via de algum hardcore* coabitam com o black metal, num contínuo com os significantes que mounds of ash dos castevet acabou por reiterar com a coolness necessária para se distanciar do espectro nekro**. inevitavelmente, encontra-se aqui uma via apetecível que fará tanto sentido como a tendência pós-hydrahead circa 2002/3 se instalou definitivamente num campo lexical previsível (alguns chamam-lhe post-metal). teoricamente, trata-se de uma solução pouco entusiasmante: apesar de mounds of ash e gin dos cobalt terem atingido bons resultados (e deixando o deserto dos horseback de lado), acaba por se deleitar com uma linha condutora previsível, alimentada pelas premissas regulamentadas em oceanic como fundamento para aquilo que deveria ser apenas matéria residual e com a vulnerabilidade do shoegazing a amenizar o processo***. nada contra. nada a favor.

* toda a tensão de spiderland surgiu num contínuo com este som de louisville. o que me lembra que isto poderia ter sido brilhante.

** para um menor distanciamento contextual, os agalloch ou o recente mammal dos altar of plagues conseguem resolver as suas epopeias sem recorrer a um rehash prematuro. entre uma abundância de alternativas que podem ir dos boss-de-nage aos caina, sem chegar a deathspell omega.

*** alcest enquanto statement formal de uma hazyness que se instalou com serenidade depois de filosofem ter deixando patente essa ideia enquanto matéria volátil (o drone).