numa manobra que não lhe é totalmente inédita, o wiley tem vindo a disponibilizar gratuitamente (via twitter) 180 malhas que vinha a gravar compulsivamente. é óbvio que tal proficuidade reserva sempre muitos dissabores, mas tendo em conta o fluxo de actividade, pode-se até afirmar que o godfather of grime consegue alguns momentos bastante inspirados. depois das sequelas insignificantes de 'wearing my rolex', dos beefs com o trim, do desnorte em torno do "verdadeiro grime" e do ataque aos tops por uma via que esteve destinada ao confronto entre intransigência criativa e crossover bovino, recebem-se com relativa felicidade alguns temas que, sem serem brilhantes ('never be your woman' esteve perto), não ofendem como anteriormente.
da enxurrada, e abraçando apenas de modo tangencial a potencialmente penosa tarefa de separar o trigo do joio, é impossível não aceitar de bom grado algumas feras. 'will your name remain' é uma curiosa peça evocativa, algures entre a tendência sino e 'xtc', com a referência ao eskibeat a funcionar como suporte para esse mesmo acesso de nostalgia, como se dissesse "eu sempre aqui estive", sem reforçar demasiado uma identidade, já de si sobejamente reconhecida. a sequência r'n'g desse mesmo estado é atingida em 'oh la la' com igual aprumo estético, sem desvirtuar um savoir faire que se pretende sincero. depois de uma prestação notável em 'trouble', a shola ama volta a abrilhantar um tema onde a presença do mc é tão automática que chega a ser meramente acessória, sem estorvar. o template insistente que passa de primordial a subliminar com a chegada da cascata de sintetizadores, na tradição das melhores produções grime para candura feminina, deixa a impressão de ter sido coisa para ter levado apenas um par de horas a fazer. mas, quando o know how serve de modo tão fascinante os seus propósitos benignos, nada se lhe pode opor. 'paranoid' segue uma tendência similar em modo sonâmbulo.
se este back-to-basics (se assim se lhe pode chamar) não deixa de ser algo natural, porque revestido de algum valor simbólico (apesar da presença física da shola ama), a associação do wiley ao mj cole já é mais intrigante. mesmo com as piscadelas de olho ao legado do uk garage, não estava à espera de uma ligação directa a 2002 pelo cordão umbilical. o resultado acaba por nem soar ao revisionismo retro que se poderia supor, e apesar da tradição freestyle evocar os dias da rádio, a produção revive esse passado de um modo quase esquelético, reduzida a uma batida rarefeita e apontamentos sonoros rasteiros, um pouco na onda de algumas produções do wookie adaptadas a um contexto grime. eficácia genética?
da enxurrada, e abraçando apenas de modo tangencial a potencialmente penosa tarefa de separar o trigo do joio, é impossível não aceitar de bom grado algumas feras. 'will your name remain' é uma curiosa peça evocativa, algures entre a tendência sino e 'xtc', com a referência ao eskibeat a funcionar como suporte para esse mesmo acesso de nostalgia, como se dissesse "eu sempre aqui estive", sem reforçar demasiado uma identidade, já de si sobejamente reconhecida. a sequência r'n'g desse mesmo estado é atingida em 'oh la la' com igual aprumo estético, sem desvirtuar um savoir faire que se pretende sincero. depois de uma prestação notável em 'trouble', a shola ama volta a abrilhantar um tema onde a presença do mc é tão automática que chega a ser meramente acessória, sem estorvar. o template insistente que passa de primordial a subliminar com a chegada da cascata de sintetizadores, na tradição das melhores produções grime para candura feminina, deixa a impressão de ter sido coisa para ter levado apenas um par de horas a fazer. mas, quando o know how serve de modo tão fascinante os seus propósitos benignos, nada se lhe pode opor. 'paranoid' segue uma tendência similar em modo sonâmbulo.
se este back-to-basics (se assim se lhe pode chamar) não deixa de ser algo natural, porque revestido de algum valor simbólico (apesar da presença física da shola ama), a associação do wiley ao mj cole já é mais intrigante. mesmo com as piscadelas de olho ao legado do uk garage, não estava à espera de uma ligação directa a 2002 pelo cordão umbilical. o resultado acaba por nem soar ao revisionismo retro que se poderia supor, e apesar da tradição freestyle evocar os dias da rádio, a produção revive esse passado de um modo quase esquelético, reduzida a uma batida rarefeita e apontamentos sonoros rasteiros, um pouco na onda de algumas produções do wookie adaptadas a um contexto grime. eficácia genética?
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