quarta-feira, 30 de março de 2011

trincheiras

até compreendo alguma da amargura do alex mcpherson perante o modo displicente como o r'n'b é tratado em muita da imprensa musical, mas as tentativas para o validar recorrendo a ataques inusitados a tudo o que seja remotamente indie-friendly (entenda-se o eixo pfork/gvsb/etc.) acaba por levar esta "demanda" (contra inimigos invisíveis. quem mesmo?) para o campo do ressabianço idiota/infantil. desta feita, em resposta a este artigo do sean fennessey na village voice, escreve que "last week, the music press was abuzz with R&B talk – and, as often seems to be the way with indie-leaning critics, getting it embarrassingly wrong". não deixa de ter o seu fundo de verdade, mas é um um discurso cada vez mais estafado (o pedantismo de algo como "only a fool could think the Weeknd the most exciting thing to happen to R&B in 2011" já é norma), que não ajuda em nada a clarividência de tudo o resto.

o paradoxo entre a defesa populista com recurso à criação de nichos.

sem querer tomar partidos, também não posso concordar com "two days ago, r&b changed again", pelas mesmas razões. como se os avanços de um género tivessem de emergir de um subterfúgio (aparentemente) pouco preocupado com o reconhecimento popular. fundamentando as suas premissas numa suposta genuinidade musical que, pela intransigência, não pede meças à escrita de uma canção. errado*. a ideia do "r'n'b para quem não gosta de r'n'b" (extensível a todos os géneros, obviamente) está escancarada em "this is rhythm and blues by or for hipsters. which is sort of true, but only in the way it's been presented". mas, também a anticon fez de algo similar o seu statement e rapidamente caiu num vazio conceptual.

a exaltação do desconhecido alienando a influência popular.

seria interessante que a discussão em torno destas questões se revisse mais pelo meio termo habitado pelo frank ocean. que apesar de escolhas tão discutíveis como coldplay ou mgmt em nostalgia, ultra, não deixa de ser um gajo do gang odd future que escreve para a beyoncé. em fundo, house of balloons está-me a parecer um disco perfeitamente aceitável. as texturas de teclados nem estão muito distantes de uma versão enevoada de algo como 'doorbell' e algures ouvi um falsete que parecia do serani. conto debruçar-me sobre os dois discos brevemente.

*e eu não tenho quaisquer problemas com tendências avant-garde ou o quer que seja. estaria a ir de encontro ao meu próprio processo de imersão no género. foi das páginas da wire com a missy (coadjuvada pelos anos de ouro da def jux) que cheguei até kandi koated.

1 comentário:

  1. eu cá serei um "indie-leaning listener" e, obv, não estou "dentro" do r&b, mas gostei do disco de weeknd. a crítica do guardian, curiosamente, parece-me ser classificável com uma das suas frases: "a sweeping proclamation about an entire genre".

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