quinta-feira, 21 de abril de 2011

circa

tenho andado a descurar discos mais far-out (para não entrar em espirais de catalogação) neste espaço. a ver se vou colmatando essa lacuna com algumas coisas que me têm deixado minimamente desperto nos últimos tempos. como duas fitas recentes no último batch da gift tapes que remexem no legado improvável que se tem vindo a sentir do john carpenter e dos sound effects do alan howarth de um modo menos gratuitamente reverencial e mais intrincado do que urban gothic do xander harris ou gatekeeper dispuseram:

survival de spare death icon assenta no minimalismo melódico de halloween/christine como via para a simulação de um não-acontecimento tenso, sem a necessidade do confronto directo com o medo. o terror subliminar sequenciado em torno de uma melodia dorsal (como foi também o efeito tubular bells) reflectido na pulsação de um beat que só vem adensar ainda mais o impacto desse mesmo vazio, sem escancarar para a faux-grandiosidade. música stalker que dispensa a criação de um setting adequado para se projectar em qualquer situação de apatia loner.

gecko dream level do matt carlson recria a library music electrónica dos anos 50, ora através dos filtros mais refractados da hanson/american tapes sem evocar a estética harsh destas em 'victory for the overlord' e 'matrix of contingencies', ora recorrendo a uma abstracção lúdica proto-idm de bird calls e esguichos sintéticos. monumental avacalhanço harmónico que faz obra final desse mesmo jogo de espelhos irresoluto. sem fazer disso um statement estilístico e ignorando o esforço formal que uma maior austeridade exige.

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