domingo, 10 de janeiro de 2010

quadro de honra #2

o resto. um resto :

annie - take you home
já conhecida da versão 2008, nunca editada de don't stop, 'take you home' chegou a 2009 como uma anomalia apática da annie. não descarta aquela tristeza delicada que lhe assenta tão bem ('anthonio' é o mais recente exemplo perfeito), mas encaminha-se para um plano descaradamente mais desinteressado. enquanto a melodia central se abate numa melancolia pós-euforia dançável, o regresso a casa é feito envolto em nuvens de alienação one night stand. facilmente se poderia incorrer na assumpção de estar perante uma annie predatória, no entanto é apenas uma motivação despida de um desejo caloroso que enforma toda a sexualidade latente no tema (e que o próprio ritmo insinua). é foda de rosto fechado. e sincera nessa mesma postura.
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geeneus ft. katy b - as i (skepta remix)
tema mais do que essencial para a compreensão da uk funky, 'as i' constitui o exemplo acabado da tendência house patente nas produções do geeneus. tendencialmente desconfio de remisturas a objectos perfeitos na sua singularidade, mas o bom senso do skepta impediu que se desvirtuasse o desespero dos versos (que pareciam poder habitar apenas no groove sumptuoso do original). aliás, a enfâse está mesmo na prestação dorida / esperançada da katy b, com o instrumental grimey a assumir um papel secundário. muito menos apelativo enquanto objecto dançável, e assumindo-se como uma canção (quase) r'n'g de pleno direito. a atmosfera mais rarefeita permitiu-me também compreender melhor a perfeição dolorosa das rimas. "i tried to put my finger on the time / when i started to see you in a different light / did it creep into my mind? / or did you give me a sign? / i ain´t sure...". sem acentuar a catarse final em "how it would make my heart beat / if you would come back to me" para se deixar levar até à questão final. "do you feel the same as i do?"
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peaking lights - two songs for ceremony (side b)
duas notas lançadas do espaço mais o uso da caixa de ritmos que apenas os blues control parecem ter coragem de utilizar de modo satisfatório e instala-se um fluxo constante que permite ao lado b de two songs for ceremony atingir alienação pós-excepter sem se perder. o delay impera. a voz de indra dunnis flutua sobre a estratosfera e deixa no meu cérebro uma inusitada aproximação ao imaginário mais spacey dos stereolab. não tanto na forma (muito menos classe), mas numa certa doçura subliminar na repetição que não destoaria sobremaneira em transient random noise bursts with anouncements através de um caleidoscópio. ou a passar pela mesa de mistura do king tubby numa noite mais dada a experimentalismos.
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